Blog da Liz de Sá Cavalcante

A permanência é uma estrela

Se a permanência fosse uma estrela, lhe daria minha impermanência, como prova do meu amor. Não escuto o escutar, como me escuto falar. O sonho é esse nós perdido em mim. Nós sem mim. A impermanência de ver cessa a solidão. Esse nós, abismo perdido. Perder tem asas reais. Terei a vida sem asas, sem ilusões. Amei a ausência que a minha liberdade me dá. Ausência, foge das minhas asas, não se afaste de mim. A alma é o exterior, sussurra a falta de nós. O exterior é o que foi perdido em ver, para eu ser o amanhecer que sonhei. A falta nunca amanhecer em mim. O som da alma em mim é quando sou o amanhecer. Sonho e amanhecer são alma e espírito juntos. O sonho supera o infinito sem o ser. O sonho sonha só. O sonho amadurece quando não é noite nem dia: é apenas ser, apenas sonho, apenas solidão a vida, é a solidão do mundo. O mundo do meu olhar é mais mundo que o mundo. O mundo é apenas uma imagem confusa, onde ver vai além do tempo, além de mim. Ver é a liberdade de ficar só. Cada um vê sua própria solidão. Ver precisa de inspiração, não de imagem. A inspiração é a imagem de Deus, do céu. Como olhar a imagem de Deus? Esquecendo toda inspiração e ficar com Deus. As pessoas mortas desaparecidas se tornaram a minha realidade para que amenize a falta que sinto delas: é como viver. A permanência da estrela se tornou o coração da vida, no pulsar do amor.