Blog da Liz de Sá Cavalcante

Poesia em flor

Poesia em flor é terra de ninguém, é a marca da vida deixada em alguém. Alguém que ama a vida como eu, mas sem abandonar o fim, que não é o fim do fim, é apenas o início do fim, como uma morte flor. Na poesia em flor. Vivo a vida toda nesse eu para mim. Convivo com a morte, quando sinto que me tocar está diferente, diferente do meu amor. Estou perto de morrer, longe de mim. A distância me aproxima de mim. O sonho esquecido por falar, existir, no que me causa dor. Mas a dor é um sonho. O que falta na dor? Ser eu na incompreensão da dor. O tempo não desfaz a dor. A dor vai além do tempo, me possibilita a ser eu. Eu, onde não é triste ser eu, é apenas estranho. A margem é toda a vida. Sou o complemento da vida que não ficou no nada. A poesia em flor se destaca num mundo imenso. A poesia se perde em poesia e me deixa a flor, numa poesia em flor. Adormecida em flor, num jardim de alheamento. O céu responde às minhas súplicas com meu alheamento. O céu deita em mim, como se eu fosse a presença dele em mim. Misturamos nossos alheamentos, eu e o céu, e sorrimos um para o outro, e a presença torna desnecessária no nosso amor, nosso amor é a única presença que podemos ter.