Blog da Liz de Sá Cavalcante

A insuficiência do mundo no tudo de mim

A inapreensível alma, o amor, que a rasga, a dilacera. É nossa morte, que expulsa a alma da alma, sem restar vazio, nem remorso. Não acredito no amor da minha alma, como me faço amanhecer. A lembrança não tem abrigo, cessa como se eu visse e sentisse o seu fim em mim. Lembranças e o fim não combinam. O ar de despedida me faz viver na lembrança, como um respirar impronunciável de morte e dor. Caminhos falam para que eu não possa respirar pelas palavras ditas, mesmo assim, me consolam, me refazem. Quero dizer, amor, meu refazer não deixa. Ele vai contra o amanhecer, contra tudo. Estou grávida das minhas entranhas, como um sol a se partir ao meio, como duas metades da vida, ambas perdidas em poesias. Vou me arrastar em mortes escorregadias, como se eu fosse o soprar do vento, depois da tempestade de sol.