Blog da Liz de Sá Cavalcante

Afeição da vida com o nada

Sempre que minha imagem diminui na consciência, me vejo sem espelhos, sem subterfúgio. Não suporto ver. Nasci para não ver. Ser cega até no meu sentir. Tudo em mim é verdadeiro: não posso sentir. É por você que vivo, minha tristeza: para ser triste como você. A afeição da vida com o nada me deixa triste. A alegria me deixa triste. Tristeza tem fim, se há alegria. Como me permitir ser feliz? Não sei sendo? Não é tão simples. Há alegrias que me impedem de viver. A alegria compreende minha tristeza. A tristeza me tira a alma. Alma é todo dia, a vida é o fim dos dias e o começo de mim. Nada me assusta tanto quanto a profundidade da alma. Nem a morte me assusta como a alma me assusta. Pedaços de nada são o meu amor. As faltas são o amor sem o nada de amar.