Tudo sou por mim. Se eu viver, nada muda em mim, sou a mesma que amou, sem eu viver. A poesia quer ser vida nos outros e em si mesma, mas a impossibilidade da vida viver a impede de ser vida. Assim, a alma se esclarece na morte, e a luz do saber ilumina a morte na alma. Tudo sou por mim, na inexistência da alma: me deixa ainda mais viva, me faz amar. Reconheço o amor na inexistência de tudo, da vida. Respiro tranquila a minha inexistência, com alegria sabendo que ela vai partir para mim, ela voltará. Está me esperando em algum lugar, mesmo que o lugar não exista, ele existe apenas para mim e a inexistência. Como posso não ser feliz? Sonho inexistente de tudo. Não sei onde o sonho vai me levar, não estou mais perdida.