Em que pensa a vida? Em nada? No nada? Na morte? Na falta de despedida no nada? O nada foi afoito para amar: consegue apenas flores de solidão, sem tempo, nem espaço na vida. A visibilidade é algo errado no amor, na imagem, no destino. Mas a solidão do olhar desaparece na imagem: isso é morrer. O olhar morre, já sendo sem vida, antes de morrer. O olhar é a vida que nunca terei. Morre olhar para que eu viva. A consciência do olhar é a vida. Na poesia a alma é visível, é um sol que me aquece na frieza de existir. Por que a existência precisa existir? A inexistência é tudo que sofri. Não pode ser esquecido na loucura de ser feliz: inexistência da alma. A inexistência abrange a existência: existe apenas na inexistência, onde surge a existência: do meu amor. Meu amor fez tudo nascer como amor. Há um lado da alma que eu ainda não conheço: meu eu. Apenas por isso penso, sinto, não conhecer a alma, a conhecendo. Posso não prestar atenção ao meu corpo, perdido: nele está meu ser. A lembrança é o meu ser. Mas o ser não é uma lembrança. A vida pensa nas lembranças que um dia tive.