Blog da Liz de Sá Cavalcante

Quando entro em contato com sentimentos alheios, saio de mim

Sentimentos voam no desaparecer. Sentimentos alheios ou meus são lembranças do que não existe, podem existir pela falta do sentimento. O desaparecer aparece no sentimento. O amor existe sem corpo, alma, sem o ser. Foi tão bom não desaparecer, é como existir algo dentro de mim, por onde desaparecer. O desaparecer, presença íntima, de onde a aparência é este desaparecer. O desaparecer se escreve só, poesia da alma, que não desaparece no amor! Poesia é o desaparecer, expressado em palavras. A palavra não tem noção de exprimir o desaparecer. É como se o desaparecer pudesse ser o real. A falta de desaparecer é sem palavras. A palavra dura sem eternidade, a eternidade é o que sou dentro da palavra. Não importa a morte, se posso morrer de palavras. A palavra é um obstáculo para ser, onde sou ainda melhor do que sempre fui, pois, agora, a palavra, para mim, é o amor que sinto. Não há amor sem palavras, assim como não existo sem a vida. Falta vida no amanhecer, eu, sem mim, sou a vida do amanhecer, no silêncio absoluto que absorve a palavra sem pensá-la. Nada do que penso está em palavras, palavra que ficou no ar, na ausência absoluta do amor. O amor que pensei amar são palavras inconclusas, que emudecem a vida. O real é o desconhecido, é a fala da vida. Apenas a vida pode falar por si, somente ela compreende as palavras, naquilo que se pode dizer. Mas, nada posso dizer de mim, que seja palavra. Então, emudeço, com a minha mudez, ensurdeço a vida, a eternidade, as palavras, mas esse abismo nunca foi vida, por isso estou só, como se acabasse de nascer, em vez de eu nascer, a palavra nasceu por mim.