Lembranças cessam a vida, me faz reagir sem reação. A alma cria sua alma, para não se distanciar de mim. Sem a alma estou distante de mim. O que é necessário para a distância ser alma? Eu morrer é claro. Na esperança vazia há vida. A alma é recusável. A alma é em vão numa vida em vão. Nem a alma, nem a vida, nunca poderão ser necessárias, mas estão unidas, em seu inessencial. O corpo noutro corpo é a inessência da alma. Não tenho que escolher entre a alma e a vida. Mas posso escolher entre mim e eu, sem que o meu ser interfira na escolha. Escolher é me imaginar em mim. Imaginar-me é ficar comigo. Sem ficar sem mim se não me imaginar e apenas ser. Ser é poder ser o que eu quiser sem necessitar imaginar que sou minhas perdas, meus ganhos, minhas realizações. Podem tirar tudo de mim, mas tenho o melhor de tudo: eu mesma, apenas eu posso me perder de mim. Perdi a imaginação por ser eu me encontrei na realidade: ela é meu sonho: único sonho. Minhas mãos não são inúteis, não me fazem mais escrever, mas são minha realidade, mais importante escrever: mas, aí, descobri que posso escrever sobre a vida, unir o sonho à realidade. Vida, seja bem-vinda no meu amor, enquanto eu estiver em mim.