Blog da Liz de Sá Cavalcante

Surpreenda-me

O olhar esconde a escuridão, a impede de viver. A vida do olhar é a escuridão. Nada me surpreende no meu olhar, nem mesmo a falta que ele me faz. A falta que me faz olhar é o próprio olhar. Olhar são paredes em busca de sol ou escuridão. É fácil surpreender a alegria de me sentir. Quando escrevo, sou dona de mim. Surpreenda-me sem me surpreender. Escrever é a desatenção do olhar, na saudade que restou. O sonho deixa de ser sonho quando sonho. O sonho sonha por mim. O olhar é um sonho vivo. Estou feliz com minha alegria, é uma maneira de ainda te ter. A alegria constante preenche a alma. Algo se partiu por eu ser feliz. Ter alma é uma alegria que não vem do ser, vem do que se foi sem ter sido. O sentimento, pregado sem pele, devolvendo a alma sem alma. Nada me faz morrer. A alma diz sim para a negatividade da vida. A negatividade da vida é eterna, é como se fosse a vida diante de mim. O olhar não pode dar fim à escuridão, mas pode tornar a vida mais linda, onde o olhar é mar, ausência, resignação de que tudo é o que é. O olhar não dissimula, é mesmo sem a vida. O céu é o olhar que falta à vida, para sua ausência ser feliz! A vida nunca será esse olhar que ela me deu. Eu sei que sou feliz, por olhar como vida, como amor.