Blog da Liz de Sá Cavalcante

O ser

O ser não tem de ser para si, o que é para a vida. Ser é longe do ser. Meu ser, dentro de outro ser, é a eternidade do fim. A eternidade do outro em mim, tira o outro de dentro de mim. Criar o nada em vez de criar poesias, é captar a alma, sem transcender a alma. A alma não pode ir além da alma: nem mesmo no seu fim. A alma não é livre no seu fim. Amar pelo fim da alma é não me esconder da vida. Pelo fim da alma não há vida, amor: há um reconhecimento, na vida que a alma teve, que agora possuo. Minha alma está desgastada de florescer: florescer na morte. Recupero minha pele na alma, sem vivências de alma. O ser não tem ser. A pele é o único ser vivente, mesmo sem vivências. Ser não traz a alma. A inacessibilidade da alma é Deus: por isso, Deus é amor, indestrutível. Preciso destruir minha alma: para ser Deus em mim. Apenas eu e Deus no indefinido do eterno em nós, por nós.