Sair do mundo, apenas para olhar o sol, não é ficar. A vida é mais que amanhecer. A fraqueza da vida me faz ser forte pela vida. Tenho mais medo de viver do que de morrer. Mas, olhando o sol, vejo a vida, perco o medo. Esqueço o tempo de tanto amanhecer. É como se eu amanhecer fosse o único tempo em mim. Ficar na falta de pertencimento da vida me faz do não pertencer pertencimento eterno. Não posso impedir o ficar de ser o sol do amanhecer. Sair do mundo para o mundo é amor. Ficar, onde nada permanece, é o significado de ficar. Pode tudo cessar, vou ficar nesse cessar, como se ele pudesse ser eu. Poderia cessar meu ser, mas a vida acabou, apenas porque preciso ser eu, para que cessar não seja o fim, cessa pelo fim, sem ser o fim. Eu sou o cessar definitivo da vida, dei para a vida o seu fim, ela queria apenas morrer onde chove, abandonando o sol. O amanhecer viveria, se conseguisse ficar sem permanecer. A permanência do amanhecer está na despedida. Não quero amanhecer, quero apenas ser eu, isso, para mim, é ficar!