Blog da Liz de Sá Cavalcante

A palavra no adeus

Adoro a solidão, a desaparecer nas minhas cinzas. Solidão é amor, palavra no adeus. Conheço a solidão sem adeus. A rejeição da fala comigo é a fala sem adeus. O adeus pertence ao nada do conhecimento. Fala no adeus, que não consigo ter, ser. O nada se fez fala em oração. Não sei a origem da palavra, o que a faz ser. Eu sei apenas clamar sem palavras. Nada existe sem palavras. A palavra, lembrança que cega o sentir, como uma alma que vê a si mesma, em mim. Por mim, a escuridão é a lembrança da alma, onde a alma se vê em todos. Morre, alma, para me ver como vida. Criar a vida, sem imaginar, é a alma agindo em mim. Não há mais dor, sofrimento: há vida na alma, onde preciso dar adeus à palavra, para viver. Dentro de mim, é vazio, é vida. A dor é uma vida sem sofrimento. Mãos de papel nunca serão palavras. Mãos que se desprendem do corpo para respirar a agonia do céu.