Blog da Liz de Sá Cavalcante

A decadência da decadência

O olhar da morte não cessa: fica em mim. Fica em mim, limpando minha alma. Sem impurezas a alma morre. O vazio é uma estrela que necessita cair do céu, sem tristeza. Tudo sinto, corroída por mim, tem um dever: me sentir real, mesmo a realidade a me condenar. Não acredito na realidade: o tempo não passa: desaparece da minha alma, disputa o meu ser comigo. O desaparecer é o possível. Aparecer torna tudo impossível. O amor é impossível: aparece sem o amor, nada existe. Para que te perceber, se não me percebe? Como perceber no nada? A existência é a presença do nada: é o perceber do nada. O céu exclui o nada da vida. Assim, o nada não é nem uma lembrança distante: é apenas o nada. No nada os momentos não se perdem, se multiplicam. Insisti em viver sem momentos, sem instantes, por isso nada perdi da vida.