Blog da Liz de Sá Cavalcante

O penhasco de um sonho

O silêncio do céu são nuvens de algodão. A morte é tão rara, vazia, que todos morrem. Morrer é conseguir cantar a vida. No penhasco do sonho, é onde tenho um corpo, mesmo que seja para morrer. Morrer é não me entregar à luz. Luz não é deixar a escuridão no vazio da luz. A luz é a sombra da ausência. O tempo é a paz de Deus. O infinito é a aflição de Deus. O fim é essencial. A ausência não merece meu sofrer. Sobrevivo ao nada, não consigo deixar o nada no passado. O nada nunca será o passado. O nada é um agora de flores. Não posso pôr a morte no meu silêncio. Um penhasco de sonhos me faz viver, reagir à letargia: me faz falar de vida.