Suspender a lembrança de existir, por um momento meu vale a pena? O amor é apenas a recusa do fim? Deixo-me levar pela morte sem morrer. O corpo se une ao pensamento para eu morrer. O silêncio real é o da morte. O corpo é infinito, mas a existência da alma é o meu fim. O fim sem a alma é a vontade de viver. O fim da alma é o infinito do olhar. O adeus é a vida do olhar. A lembrança torna-se amor: amor pela vida pelo que nunca vou viver, amar. Amor é priorizar a vida. Deixa a inessência fluir como uma lágrima da vida. O sempre viver é não viver. A solidão me esquece na minha solidão. A alma é ausência de Deus: é esquecer pra que vim ao mundo: para ser só. Ser só é a minha eternidade. A vontade não me deixa morrer, por causa da perda que sinto em mim. Como estar perdida na morte? Amando, pensei encontrar a morte, me encontrei: sem me fazer morrer. Se o amanhecer, retorna a si, retornarei a mim, nas minhas perdas. Deixa-me no nada de ti e serei feliz no teu nada, como se não houvesse vida, pensamentos, explicação no sentir, e tudo fosse apenas silêncio na paz da inexistência, onde não preciso saber amar, pensar, apenas não sou para a inexistência, o nada da inexistência. Olhos para o céu, vejo que não preciso existir: nem na morte, nem na vida. A inexistência é a liberdade de eu não ser nada para alguém.