De nada adianta pensar sem morrer. Compreendo as coisas como as sinto; compreendo a morte pelo que não sinto. O não sentir ganha vida, significado; vive mais do que. Eu não tenho entranhas para morrer. Meu ser ama sem mim, sem ele, para viver. Não há o que viver. A vida está fora da vida, por isso é vida. Ainda é dia no despertar do sonho. Dormir é um sonho sem ausências, e a única ausência sou eu. Eu sei quem sou eu no amor que sinto. Queria sentir apenas amor, mas não mando no que sinto. O amor não é triste ou alegre: é viver. Estar viva me assusta, pois é demais para mim. Viver é só se vivo em outro alguém o que não existe em mim. Encontro no outro o que eu deveria ser. Torno-me só. Tão só que consigo ver a vida. Não há o que lembrar da vida. Sua única lembrança é o amor que sinto.