O prazer é como um sonho. O prazer é como se as palavras permanecessem em mim. Não posso ficar com as palavras tendo apenas minhas mãos a me fazerem escrever, mesmo sem a alma. É um prazer eterno ser para a escrita. Dedico-me à escrita, não a mim. Ser é consequência de eu escrever. Palavras tomam-me o tempo, a alma. O desprazer é um prazer. Palavra por palavra, vou vivendo, vou lembrando de mim, da vida, de viver. Deixo as palavras? Não durmo nas palavras. Desperto sem palavras, no vazio. O depois da alma é a alma da alma. Alma na alma é separação. A morte em que morri nunca será a minha morte: é apenas o transcender da distância. O transcender no nada é o vazio. O vazio das estrelas é o céu. O céu é a falta da imagem do fim. A imagem do fim é o mundo.