Eu não gosto de gostar das coisas, e sim das pessoas. É uma realização da alma. Falta na vida a morte, a realização, o convívio com o nada. Nada eu seria sem a morte; tudo sou sem o nada. Não dá para fazer pontuação na vida, mas sei que a vida começa em mim, no meu interior. Não há ver sem realidade. Realidade é o céu. A alma evolui na tua morte. Pela realidade lembro de mim como sendo a vida que não tive ao lembrar de mim. Estou vivendo dentro de mim. Por lembrar deixo de viver. Nada é esquecimento, nem mesmo a morte. O sonho é uma forma de tornar a morte esquecimento. Será que meus sonhos lembram de mim? O que significa lembrar? Que a morte e a vida não existem? O que significa existir? Conviver com o nada, lutar pelo nada. Existir é não ter a vida e a morte dentro de mim. Dentro de mim há outras lembranças que não são vida ou morte. Falar torna as lembranças vida e morte. Realizações são como um falar eterno exposto ao mundo, à vida, ao ser. A eternidade é tudo que tenho. Ter a eternidade não é ser. Ser é o fim de si mesmo. A alma não pode responder pelo ser. Sonhar o sonho da alma… Não é que eu não tenha meus sonhos, mas sim necessito de sonhos novos. O ser é incompleto sem a morte. A alma une o ser nele mesmo. Não vou parar na alma, no amor, no infinito. Vou parar na perda. A morte me faz continuar, mesmo que isso dê um fim a minha morte. A natureza da morte é a existência. Impregnar-me é deixar de ser sem morrer. O último sol se prostra na minha morte. E o sol não é o mesmo depois da minha morte.