Não percebi que morri em um silêncio em chamas. Pode ser apenas um sonho, mas para mim é real, como a tua ausência em lágrimas. Fazer da costura da alma uma alma é dizer ao céu que me deixe viver. Nada consome a vida. Renova-te, alma. A morte está próxima. A carência de alma prolonga a vida. A abstinência da vida é um abraço, um amor em uma eternidade sem vida que é a vida. Sonhar para não esquecer que sou um sonho. O desespero desce na alma, sem deslizar. Escrever é o subterfúgio, a fuga de um sonho. Apenas a alma não existe só. A alma tem o céu, as estrelas no aparecer sem alma. Que alma é o céu? Nada pode tornar o silêncio uma lágrima perdida. A perda das vidas não rompe a lágrima do seu fim. Deixo o amor para depois, quando não houver alma, para quando o sol não existir mais no deserto. O mundo não sabe o mundo que tem em si. O mundo é diferente do mundo. Nunca será o mundo interior. Um ser termina noutro ser. Tornar a alma vida é o fim da alma. Estou vivendo o mundo no nada. A alma, carne da minha carne, a incorporar a incorporeidade da alma. A espera diminui o saber, deixa-me segura. É apenas a espera impossível de tornar-se vida. Sou responsável pela minha espera. Não espero a espera. O amor é impossível ao amor. O amor é de morte. Sinto o não sentir na alma. O canto sem voz semeia o silêncio e é arte para os que escutam o que não se escuta. Não consigo interpretar a minha voz. Interpreto o silêncio como uma voz na voz. O aspecto descuidado do silêncio me faz amar. O amar por amor é eternizar o silêncio. O fim do silêncio é o mar.