O céu se esconde num lampejo de alma. O céu morre em um lampejo de alma. O céu morre em poesias. Perdi o céu como a quem perde a Deus. Não o perdi. Permanecer é permanecer para Deus. Sou paciência para o céu. Estou serena de morte. Se a vida voltar como lágrima também serei feliz. Nunca vou questionar se a vida é de amor ou aflição. Vou pensar no céu, nas estrelas e me refazer de mim: em um único suspiro. Suspirar é sonho que desperta a alma. Tudo se vive em sonhos. O céu amargo no sorrir das estrelas caminha como o vento, que explode o ar. Ar de estrelas. Ensinar o mundo a ser mundo. Se eu preenchesse de silêncio teus olhos, navegaria nos teus olhos desertos de ternura e ausências. O dia é claro como um amor sem olhos. Cego de olhos por amar. O olhar vê o que quer. O não ver faz eu ver o que não quero ver. Temos o mesmo respirar, não temos o mesmo amor, o mesmo ar. Para dominar o espírito, estou só na morte. Nada se refaz no amor, na vida, no pensar, no agir. Procuro não agir. Sou o agir cada vez que digo não à vida. Escrever é a parte de mim que nunca é escrita. Sou o pensar da vida. É um insignificante lampejo viver. Sonho sem lampejos. Sem o céu, único sonho, o real de mim. Lampejos são respostas da vida; a inexistência é possível. Tudo é apenas a falta no possível – faz falta em mim. Consigo falar da falta por dentro do nada. O nada são respostas que a vida não pode dar. Sou sobrevivente do amor. E se eu olhar para a poesia e perceber que a tristeza é dela e não é minha? Pararia de escrever? Falo escrevendo amor. Desenho amor com letras de poesia. O fim não se fala só, mas amo só, como a noite que não vem até meus sonhos. Sonhar é difícil, é arte. É fácil sonhar no amor. Sonho na incerteza de sonhar. O sonho tem alma.