Blog da Liz de Sá Cavalcante

O que faço em viver?

Nada faço em viver, além de escrever, esperar pela vida nas minhas poesias. Nem mesmo o nada me torna nada. A escuridão é o único silêncio. A luz das palavras clareia o amor e faz perceber o que não amo. Um dia amarei o silêncio quando tudo me faltar. O mundo, a vida, podem me faltar, mas o sol não pode faltar. Eu durmo, acordo, pensando numa cor para a vida, já que não posso viver. Me entrego às estrelas sem vida, sem buscar o céu. O céu da alma é o meu sorrir. Nada foi esquecido na minha solidão. Alma na alma é não ter as estrelas. Não posso ver o meu sentir, por ver a alma. O pensamento arde sem o sol. Quando a vida cessa, o amor permanece. O tempo destrói a saudade de viver, que não é o tempo, é o amor. A vida é apenas uma forma de pensar. Pensar é algo particular. Mas não é íntimo do ser. O ser que eu fui não sou mais, nem mesmo pela sombra da tua ausência. É inútil me dar sua ausência, é mesmo que nada me dar. Já sofri demais, estou anestesiada por sofrer. Vi que meus pensamentos de morrer são apenas vontade de sofrer o insofrível. Pensar me escapa no sofrer. Manifestar a minha essência apenas comigo a morrer. Quando percebi que existo, já estou tão distante de mim, que tudo que sinto em mim, é essa distância de mim. Sentir a alma é sentir o nada, escurecer o meu ser. Nem o maior do sol pode clarear-me. Obedeço ao amanhecer na escuridão divina.