O céu enfraquece as estrelas em sombras de vida. Igualdade de sombras para uma desigualdade de sol. Não existo para as sombras da minha ausência. A liberdade do sol são nuvens no céu. Não te permiti invadir minha ausência sem o céu. Caminhar sem vida são minhas pernas em busca de mim, da saudade que eu tinha de tudo: saudade das pedras de ar, do meu amor, submisso na saudade que não transcende em mim. Eu sou a minha saudade, as minhas faltas. A solidão sobrevive à saudade e à minha morte. A solidão fez da minha morte um mar acorrentado pelo meu corpo morto. Para o mar, a minha morte é apenas ausência. Ausência do nada. A morte é tênue como o sol. É como se eu continuasse a ter esperança. Sem esperança, nada é negativo. Respiro esperança. Faça de mim tua esperança. Desaparece da minha esperança como um céu colorido de sonhos raros, preciosos. Até o mundo desbotar de amor. Desanuviar o sol do céu. O céu abre minha garganta, esqueço a fala. Sorrir solta como a brisa: isso é falar. Falar não é lembrar. Há céu no seu modo duro, seco de ser. O céu existe para quem mais necessita. Sei do desespero da alma, de ser alguém. Ser alguém é ter alguém. Alguém que seja a vida que perdi e recuperei-me na tua vida: alegria, amor, entusiasmo. Mas nunca me amará. Tudo desmaia no infinito. O fim é o infinito, é como retomar o meu ser sem regressar. Apenas a alma regressa no partir da volta de sonhar. Areia de sombras, vultos do mar no meu amor. Estou em ti por ter sido abandonada em ti, não consegue me afastar. Seu desprezo é a minha vida. Passei a vida a esperar o nada, ao tê-lo, não valeu a pena. Sombras da vida sem o meu corpo. A fluidez da morte, no meu corpo de pedra, tenta me sentir. Sentir é apenas o suspiro de respirar. O meu olhar respira, vive mais do que eu. Não estou à toa, amo. Amo, mas amar não é mais feliz do que eu.