Blog da Liz de Sá Cavalcante

Respirar amor

Sou o mundo que se partiu em estrelas, como eu a sorrir. Não há nada entre dizer o ser. O céu é pouco tempo em mim. Se o amor é um nada, a luz é escuridão. A mansidão da luz preocupa o olhar aflito, sem ausências, sem a voz do olhar que me atordoa. O que respira amor é a morte. A consciência transcende como a falta que me faz transcender. A luz é o nada puro. Transcender não me faz viver ou morrer. Me faz ser. A falta de transcender é o além no nada. O nada se volta contra mim, sem transcender. Deixa-me transcender de tristeza e eu e a tristeza temos o mesmo corpo, o mesmo abraço, para viver a vida até o fim. Vivo para nunca morrer. Mas a vida é o que é inevitável para mim. Por ser inevitável não é essencial, mas o meu olhar é essencial ao morrer comigo, é como sentir a companhia do meu olhar, seu amor por mim, pela primeira vez tudo que é vida, agora, me parece falso. Superficial. A falta é um olhar atravessado na alma. Troco de alma, não troco de morte. Ressuscita-me sem vida.