Blog da Liz de Sá Cavalcante

Com a alma

Com a alma, não consigo me tocar. É uma liberdade intocada no meu amor. Tocar vai além da alma, onde meu corpo vibra, esmorecendo. O desaparecer é a alma a amar o desaparecer mais do que o ser. O olhar sofre ao ver a alma. Não há vida sem amor. Reagir ao nada, morrer sem o azul do céu. Morrer numa escuridão sem céu. O céu não se demora no olhar, é para o olhar a vontade de ser sem o ser. A falta de falar não é silêncio, é a introspecção da alma. A alma me incorpora. O sono de morrer é a vigília, a insônia da vida. As mãos da vida são o meu ser num corpo sem mãos. As mãos que procuro estão no vento, no meu respirar, que vive como se fosse minhas mãos. Mãos que deixam a saudade vazia, como se fosse o despertar do nada. Ninguém pode sentir saudade, mas se pode ter saudade. Com a alma posso me sentir como sou. Posso sentir o que eu quiser, que estou feliz. Quero construir a saudade, onde a alma não importa. Dentro do meu amor não há alma. O espírito da saudade é conviver com a alma, como se minhas lágrimas fossem alma.