O que recolhi das minhas cinzas fica no ar. Ar que seria as minhas cinzas, se eu não as tivesse recolhido de mim. Recolher-me no nada é renunciar as minhas cinzas, onde me sinto. Sentir são cinzas sem o vento. Cinzas de sol me fazem ter um corpo. Meu corpo é um corpo de sol nas entranhas da noite. Vida sem sol, sem saudade, sem a falta de mim, que faz o sol existir, como continuidade do nada, sem as cinzas infinitas da saudade, a abranger a vida de mim numa totalidade de mundos e almas. Cinzas são o fim do nada, onde o infinito é luto eterno do nada. Para o fim, as cinzas lhe fazem existir como o recomeço da vida. Na vida, sou só com minhas cinzas jogadas ao vento. Restou minha paz para quem sofre.