Blog da Liz de Sá Cavalcante

Admirável nada

Durmo na inocência do nada, que abre caminho, deixa a vontade surgir no desespero da alma de ser só. Sou multidão no ser só da alma. Não sou só na minha alma, sou apenas eu. Esperar é ser. A alma é sem ser: é uma espera vazia sem adeus. Viver é sem adeus. A lembrança é o primeiro adeus que possuo que permanece sem mim. Em mim, a lembrança é tão pura, viva, que é eterna, apenas em mim pode lembrar como eu, nunca será eu. A minha paz, obstáculo para o amor. Como saber esperar amar? Como eu, triste. Morrer é ter uma história sem vida. A vida não é uma história, é amor, onde nada necessita acontecer. Tudo flui sem a vida: falta de solidão. Não ser só não é não sofrer: é sonhar. A solidão, leve na alma, desliza pesado em mim. A alma desliza sem amor no meu amor. Quanta vontade de amar, não sei se devo. O naufragar distante da distância é distante de mim. O abismo não pode me arrastar para dentro dele: assim, não me ilumino. O nascer não ilumina, não escurece, não cresce dentro de mim.