Blog da Liz de Sá Cavalcante

Sublimar (engrandecer)

Existir somente para si não é sentir, é existência. Alimentar a morte com meu amor me seca, me esvazia. Não me deixe só, morte, sem ti. Amo a vida, o sol, é ausência de morte. Se o sol me amasse, o amanhecer seria ausente, seria decepção. Não me habituo à luz, escrever é escuridão. Fragmentos de vida na alma não se despedem de mim. A vida se despede de mim sem razão. Não há descoberta sem morte. Não posso ficar com a vida para mim. Procurei o sol nas estrelas. O espírito de mim levita na vida. A alegria são palavras. Tempo de estrelas a me transformar. A transparência da lua é o infinito sem o céu. É o nada se cativando. O nada assume a vida. O que não existe por existir se faz amor. O amor era para ser a existência de tudo, não é. Não há amor em morrer? Morrer é a existência do fim, a determinar quem sou, sendo ainda mais, penso na vida, no que deixei sem deixar: e assim permaneço morta. O instante de ser não impede a minha morte, a favorece. A luz tira a luz da luz. A distância é uma luz incomunicável. Não há sombra na luz. A luz é um desamparo, posso chamar de vida: ela escuta enquanto ilumina. E essa escuta transcende na fala, no transcender, na perda de mim. Me faz morrer para eu não me ocultar de mim mesma, sem estar ausente. Minha presença é a do sol, da vida, que me faz morrer.