Blog da Liz de Sá Cavalcante

Para amar é preciso morrer para viver

Está dentro de mim essa morte que se torna luz. Perceber é vazio. Não perceber é ficar na plenitude do céu. A plenitude do mar percebe a plenitude do céu. O mar se mistura à plenitude do céu. O sol é o olhar do amor na plenitude de ser só, sem o mar, sem o céu, sem a esperança de sonhar, como se sonhar fosse ver o céu. Eu nunca vi o céu pelo meu amor, mas vejo o céu pelo amor do céu. O céu é o sofrer de Deus no meu ser. Sonho com a morte, em sonhos mortos, caídos de morte, sem o desespero de morrer. O que me aflige na morte é a sua ausência de mim, onde canto lágrimas que não choram, padecem no meu amor. A alma, às vezes, faz bem a si mesma: esse momento de perda é vital na alma. Olhar de perda para o vir a ser sem perda: ser apenas um olhar na multidão de palavras. A esperança é sangue nos meus dedos, que veem como sentem a vida. A simplicidade é amor. Dedos se soltam como mãos de amor, que, ao tocar o nada, torna meus dedos, amor para as minhas mãos, que se procura em dedos alheios. Dedos se espalham sem vida, em meu corpo débil de prazer em viver. Vidas me tornam um não ser. É tanta vida que não posso ser.