O que existe dentro de mim não existe no concreto. Isso torna o realismo inatingível, como se ele fizesse parte da minha subjetividade. A alma é o concreto, o ser, é a subjetividade. O ser e o nada equilibram o objetivo e o subjetivo para que tudo não seja apenas objetivo. A lembrança é apenas subjetiva. É o que senti sem conviver com o que sinto. Tem almas que veem a vida como se veem. Não dá para sonhar com a morte, se a amo. A alma é indestrutível. O sufocar da morte é a ausência do nada. A razão não é eterna, a morte da razão é eterna na morte. O olhar é o brilho da alma. Dedicação é morrer. O silêncio é o fim de morrer. Palavras são mortes que se criam da morte. Sonhar me faz morrer. Tem almas que retornam ao nada, como se nunca tivesse saído dele. Ser feliz é inocente, irreal, como se não houvesse sombra na minha ausência. Ausência é eternidade. Ausências são o significado de todas as palavras. As palavras são presença na fala. Ninguém fala sobre a fala, falam de si mesmos, é como se nada dissessem. O céu é sem lembranças, pode se tornar ao menos ausência para não cessar de existir. Cessar de existir é a ausência na lembrança. Lembranças por lembranças, prefiro a mim. A lembrança é um realismo transcendente. Se o real fosse apenas real, nada precisaria existir, nem mesmo o amor. O amor desapareceu na existência do existir e se fez existência para mim.