A lembrança é ausência da vida. Lembro do que não existe, como sendo a minha lembrança, sem a lembrança da alma. Lembrar, esquecer, é partir. Partindo de dentro de mim, o céu é mais azul. A fala do respirar é o céu. Desafogar a vida da morte. Consegui dar vida à vida. Poesia é vida. A fala do respirar escuta-se como a vida de ontem. O respirar nunca é igual ao sentir. Ele existe para ter existido um ontem. Ontem é como respirar. O ontem nunca existiu, mas existe no meu respirar, na minha ansiedade de amor. Meu amor respira o irrespirável de mim. Minha existência é esse ir irrespirável de mim, o irrespirável de mim. A existência é esse irrespirável, névoa de vidro, suspende o ar no infinito. O infinito desaparece no ar para que esse desaparecer seja a vida que dura, permanece no amor.