A imensidão do nada é o céu, é o infinito de viver, de estar só, sem a realidade, sem a vida. A ausência não é só: ela é a saudade de ser. A falta de enlouquecer é o pior. Enlouquecer sem a imensidão do nada. O olhar é a vida que me afasta de mim. A vida do olhar não é o olhar, por isso o olhar se vê em um abraço de alma. Nada me faz deixar de amar, nem mesmo a morte. A morte é um olhar vazio no meio do nada. A distância não me separa de ser. Essa distância de ser é amor, onde se vê a ausência se aproximar. A ausência substitui a alma, pela alma não ser ausência. O nada é a morte. Presente, futuro e passado se encontram na morte. A morte é o único tempo, o único fim. Minha solidão é infinita. O olhar, sem transcender, não é um olhar, é apenas vazio. Não há olhar nas palavras, mas transcendem como um rio depois do mar. Afogar o sol não é falta de mar. O mar é todo o olhar da vida. A imensidão do nada é uma troca de almas, de olhar. Ninguém pode unir os pedaços da alma que não são alma. Não são alma por amor à alma. O desaparecer é o meu amor. Quero desaparecer na minha sombra. Até a minha sombra escapa das minhas mãos, da minha aparência, sensível, frágil, conserva-se na fragilidade da solidão. Solidão, mágoa do tempo. Solidão quer a minha vida, não me quer. Sei que existe no meu não existir. Minha vida não é tua vida. Solidão não é vida, não é o meu ser. A verdade é ser só. Sozinha como a verdade que não quis sentir: o meu amor por ti. Não sei mais se ainda amo você. Não sei se seria bom para nós. Basta nos vermos, isso é suficiente. Às vezes acho que ainda te amo, pode ser apenas a luz do sol.