Blog da Liz de Sá Cavalcante

Como olhar o céu para dizer adeus?

Como dizer adeus ao céu, se nunca o tive? É mais fácil dizer adeus a mim. Deixar a alma absorta no espaço de morrer, para estar contigo. Estar contigo é morrer. Não me sentes. O olhar é esperança viva, de viver sem morrer. O que fica de um olhar é a morte. Não olhei para o céu, não lhes disse adeus, eu apenas morri em sua companhia. As estrelas me enterraram onde posso respirar minha morte e escutá-la dentro de mim, para não ser só, pois, escutando a morte, sei que há vida e eu consigo me escutar também pelo sol, pelas estrelas, é quando sei que não disse um adeus ao céu, não consegui. As estrelas me sorriem tanto, me desenterro com o sol a me iluminar, decido me iluminar de vida, e deixo o sol descansar em estrelas. Olho para o céu com vida, é assim que quero que ele se lembre de mim: olhando-o com vida, eternamente em mim. O que existir sem céu, também é o céu, por isso tenho medo da existência sem céu, tenho medo de mim. Minhas ausências são a vida do céu a viver em mim, por mim. O céu me homenageia de estrelas. Eu o homenageio com minhas poesias de céu, de tristezas, para transcender na alma, ir além do céu e descobrir o infinito da minha alegria, por existir o céu, mesmo que eu não o veja mais, ausente de mim.