Blog da Liz de Sá Cavalcante

O esquecimento expressivo

O indefinido é a expressão do esquecimento. Esquecer-me na alma é lembrar do silêncio interior onde o som exterior não se escuta. Tudo que é exterior precisa de som. O som interior é a vida. Para desconhecer o esquecimento é preciso eu o conhecer, onde não me conheço. O que não foi esquecido torna-se perda. Esquecer antes de perder. A calma é lembrar. O infinito da calma é o esquecimento. Não esqueci de esquecer. Sou para o nada que não existe em mim. Se ao menos o nada existisse, nem que fosse como um esquecimento. O nada é inesquecível, mesmo sem ser o nada. O nada é a força, incentivo da vida, onde esquecer é um abraço eterno nunca dado, nem mesmo na imaginação. A imaginação é livre para esquecer o inesquecível do ser, como o sol que se arrasta no horizonte, mas se une ao nada, que não é céu, não é o mundo, é a certeza do nada no ser. Ventanias de solidão no sol da minha alegria. Não há o que viver na alegria. O esquecer se expressa distante de si, suas palavras o mantêm distante do que ele é. Mas o esquecer não esquece as palavras, que abandonou em seu esquecer imaginário de ideias. Tudo quero do esquecimento: meu sofrer é um esquecimento, que me supera. Não adianta sofrer o sofrido, adianta sofrer pela alegria. A alegria reinventa o céu, torna a tristeza vazia, e o céu, a alegria da alegria. Onde o tempo se descobre no ser e o ser se descobre no tempo, a si mesmo. Nada é distante para o tempo. Tudo se foi sem a distância da vida, ficou apenas o amor de quem sofre, como um resto de mundo, esquecido pela eternidade. A eternidade é tudo, menos o mundo. Se o mundo não é eternidade, é um ficar de Deus, mesmo sem eternidade. Deus não necessita ser eterno, Deus é amor. O amor de Deus está além da eternidade. Eternidade não é amor.