A alma pura quer apenas morrer, como o ar sem morte. É muito duro, pesado, morrer sem um abismo, onde passa o ar sem morte. A única luz é a do abismo. Me negaste o nada sem morte, como uma canção perdida por não estar perdida junto com a minha alma. A nova vida para um antigo ser, que vê a vida sem a vida, como se o nada fosse gratidão, onde sei ser. Sei existir, viver. Viver por sentir poeticamente só. Apenas assim, amo a vida. A poesia dentro de mim, silencia a vida. Não há rouquidão dos instantes, há a voz da vida a cessar minha consciência. Não importa escutar se não acredito na vida. Escuto a vida, mas não acredito nela. Quem explicaria uma imagem com outra imagem? O que é definitivo na imagem é o olhar que exclui a imagem do que vê, por isso o sentir é absoluto. Não consigo me dirigir ao abstrato como abstrato, mas o vejo como o ser que não consigo ser, por sonhar demais. O ar sem morte é a imagem do sonho. A poesia não quer apenas meu amor, quer a minha alma. Basta me pedir com amor, não resisto. A morte não existe no amor. A inexistência da morte é a morte.