O que sinto não é a vida, mas pode se tornar. A verdade é sombra do passado. A ansiedade por viver torna-se amor. A poesia é o meu interior o amanhecer, é a ansiedade de viver, onde é escuro, fundo o amanhecer. Se não amanhecer não há ansiedade, não há vida. A ansiedade é abstrair a vida. O amor despreza a alegria. Como vai ficar um amor que despreza a vida? O amor é infeliz. A inexistência cobrindo meu corpo com a morte, para ela não sentir dor. A minha dor, o meu sofrer, não vivem em mim, vivem no nada da dor. Ter o nada na minha presença, apenas para viver, é me anular, que é pior do que morrer. Paira no ar o amor, sem destino. Não sei viver no destino para o destino. O destino é a consciência do nada, no tudo que sou. Não há desilusão no nada. A vontade de ser me faz escrever. A vontade me impede de ser. Queria um momento de ser, de vida, para mim. Meus momentos são morrer. Não quero os momentos, quero a sombra da tristeza em nós, é muito para nós duas. Não espero mais viver, este é o meu consolo.