Blog da Liz de Sá Cavalcante

Vivências

Pelo nada do meu corpo, a alma vive. O nada embeleza a vida, é o tudo na vida, desliza na morte do saber. Ver o nada é ver o universo. Eu sinto o nada como o único possível em minha vida. O nada no nada não é o nada, é a extremidade do ser. A imagem é a eternidade do meu olhar. Entro dentro da minha imagem para descansar minha invisibilidade. O homem como Deus não existe. Mas as palavras, o amor de Deus, existem no ser, como vivências. Vivências que são almas. Não se pode impedir a perda do amor, não são perdas de alma. A alma não é boa, apenas a perda é boa, pois me faz viver, até o que não foi esquecido em viver. Esquecer é alma sem o partir. Partir é fazer do meu olhar a alma dos sonhos. Eu cultivo o olhar na falta de vida. A vida nunca é nem será um olhar. A saudade é um devaneio. O nada deixa vestígios de saudade como uma gota que arrebenta o mar e o enche como nunca esteve cheio antes. Excesso de água não é mar. Mar são momentos da água que borbulham no nada do agir. Vivências não deixam o mar existir. A reserva que eu tinha de vida, gastei com o nada. O nada tem mais vida do que eu. O nada é atencioso, prestativo. Nada falta ao nada, o nada é feliz. Eu não sei da vida da poesia, mas acrescento-me a vida da poesia, sem retornar o que era: antes da poesia estava morta, e acorrentada à vida, como um sonho.