Blog da Liz de Sá Cavalcante

O constrangimento necessário de esquecer

Não posso ser passiva na morte. O ser engrandece a alma, com sua espera de amor. Meu ser espera essa espera de amor, de viver. Mesmo amando, espero o amor sendo amada. O amor nunca é completo, é solidão. Não se pode isolar o nada no amor. Vou cavar a pedra do sofrer. Vou descer até as lágrimas da minha alma. Submergir na alma até não me afundar. O mundo é o único livro que falta ser aberto. O sofrer é o retrato da alma. Mãos que alongam o céu. Percebem o céu nas mãos. Mãos do céu, segure minhas mãos em tuas mãos. Assim, não sentirei falta de escrever. A paz de morrer não me deixa suspirar, pois não morri em ti. Eu podia dar um fim na morte, não consigo. Escrevo com as mãos amarradas: isso é morrer, não sentir minhas mãos ao escrever. Me escondo no vazio da alegria, do consolo de ser alguém. Alguém no desconsolo do nada, a ouvir o infinito. O silêncio se compara com a fala da morte. Estou morta por fora, por dentro estou bem viva.