Blog da Liz de Sá Cavalcante

Decência de sofrer

Posso deixar e esquecer tudo, menos a alma. Lembro da alma por ela ter me esquecido. Ter alma é como continuar a viver. Razão e sensibilidade não é vida, não é alma: é sonho. Nada vive a distância entre nós. O que não se diz não se pode amar. O universo fala de amor. Eu o escuto pela urgência de ter alma. Como ter a alma se não a posso ter? O que me resta sem alma? A vida é tão isenta de mim, tenho sonhos de alma. A alma nada pode fazer por mim, mas eu seria feliz com alma, como o amanhecer. Que alma seria a minha alma sem alma? O olhar é a memória do infinito. Não há infinito sem o olhar. Tudo que sonhei é apenas sol, apenas chuva, apenas eu. Alma, maneira triste de adeus. Melhor o adeus do ser, resplandece na minha vida, como se faltasse o céu. O céu é o meu amor. O céu são mãos firmes, a segurar o mundo para as minhas poesias, respirando o nada.