Transforma-te alma para que eu possa te ver. Torna-te nada para que eu possa tê-la em minha morte. A consciência de ter é o nada na alma. Mas ter não é possuir. Ter é me encantar com o nada, viver o nada em palavras esquecíveis para o inesquecível nada, como sendo um amor indestrutível pela ausência do esquecer. A alma não tem noção, o nada é mais do que alma: é vida. Não me conhecerá pelo fim. O meu fim não sou eu. Para eu ser o meu fim, tenho que deixar o nada que é tudo que aprendi. Nada é o destino desse instante, se perde no agora pela falta que faz lembrar de ti, como lembro de mim. Esqueço-me em ti. Se nem isso for possível, prefiro morrer como uma mudança de alma. Amor é mais essencial do que viver. A consciência nasce no particular: que é o vazio. A consciência nasce sem o ser: por isso, a alma se transforma em amor. Deixo a alma ser meu amor para a alma viver. A alma na fala não existe. Tudo existe para o fim. A consciência é o único adeus que fica na alma, permanecendo como se fosse o tempo: é a permanência do tempo no ser e sem o ser: o amor.