Deixar a consciência na morte de outro alguém é nunca morrer de mim mesma. A consciência da coragem e fé é meu martírio, meu calvário, liberdade de toda inconsciência. Inconsciência é olhar o céu. O som não é a voz, é a consciência do ser. O céu, limite do nada. A vida torna a realidade leve, renunciando o real. A realidade é suficiente para o amor. Meu amor, minha realidade expressada em mim, unindo o antes, o agora e o depois, no meu amor. A vida realizada não é mais vida: é a realização do meu eu. Realizo meu ser em mim. Nada é tão realizável quanto o meu ser em mim. Tentei me realizar de infinitas formas, mas meu ser se realiza apenas em sonhar, é poesia. Onde olho somente vejo poesias, o meu olhar é poesia. Quando o olhar me falta, tudo falta. Se me visse, morte, eu deixaria de ser profunda, mas não fico sem morrer, senão perderia a minha primeira e última essência, a única que faz sentido para mim: a morte. Colheu minha poesia como quem colhe uma rosa, e a vida desabrochou, florescendo em minhas lágrimas, desejei que o para sempre cessasse: é alegria demais para quem é só. Mas não me reinventem pela saudade perdida. Quero que se lembrem de mim feliz.