Renascer é morrer com a janela da alma trancada. A janela da alma deixou a vida nas minhas mãos intocadas, o destino pensa que as tocou com seu amor imenso. Toco o céu sem as mãos. Nada das mãos da minha alma que justifique as carícias da vida. A realidade é a morte. A fala são carícias ao vento. A fala é a realidade da vida. A consciência tira a verdade do ser. Meu ser pela verdade como essência. A essência não é a verdade do ser para quem ama. Dentro de mim nada existe, por isso, tudo fica dentro de mim. Dentro do nada a alma se doa. Estou condenada à liberdade do nada. Livre o sol do nada, onde tudo se vê por dentro de mim. Dentro de mim o amanhecer é menor que o sol. Olhar é ficar exterior a mim. Dentro de mim não há mais um olhar, mas é o meu ser, o olhar que lhe foi dado, sem meu ser. A essência é cega por olhar o interior do nada. Interior que existiria no olhar, se eu tivesse um olhar de amor. Sou os olhos da minha essência. O olhar desaparece a alma. Sou fiel ao desaparecer. A vida ajuda a alma a viver. O nada transparece na alma, como um rosto sem o ser que devia existir nele. O rosto é a expectativa do outro sendo eu. O fim da alma é a paz que apavora o amor. Amor com amor será falta de continuidade da vida. A vida não precisa de continuidade. A vida não perde sua essência, mesmo morta. Essência é ter esperança, é me contagiar de amor. Vou me acostumar a viver, a vida necessita de mim. Como me permite viver? Estou secando, vazia por viver. Luz dos meus olhos, não, minha vida não pode ser apenas luz.