Dormi no cansaço de despertar. O sono nunca é presença, é ausência. Por isso exprimi o ser no vazio do infinito, onde a ausência é o sol, o mar, nunca eu! Olhar para esquecer o céu no meu infinito é admirar esquecendo. Eu não me esqueci, estagnei como se apenas teu sorriso me fizesse lembrar do que não existe, mas, para mim, existe, no calar da alma. A alma fala da inexatidão dos sentidos, do calor no frio, do doce no amargo da presença na ausência, mas a alma esqueceu de falar do essencial: da vida e da morte. A lembrança se dá ao meu amor. Quando não há lembrança de amar, melhor esquecer, me abrir para a vida e para a infinidade de amores que ela me traz se não pode me dar amor, se perdoe: cada vez que eu vir uma rosa, lembrarei do amor que queria sentir, eu sentirei por nós duas. Um dia acreditará tanto no amor que vai querer apenas amar. Amo para o real que já existe. Quando o real for inexistente, ainda terei amor? Vamos cantar o amor. Faço o amor acontecer. O céu aceitou o mundo. O mundo não aceita o céu. O céu cuida do mundo, não se cuida. Alimento o nada com a vida. Não dá para cessar o amor. O amor não depende de mim, dependo da morte. Tomo para mim o amor. Se eu amar, sei que amo, por isso, é banal. O amor é contra o espírito. A presença não tem existência para o ser se constituir no vazio do infinito. O vazio do ser é a morte, sem o infinito. O infinito corrói a morte. O amor é concebido pela existência. Não tenho existência, tenho amor. Amor, que nada importa a mim se amo, queria morrer. A existência da morte é a subjetividade do ser, o eu do ser. O ser é o seu mundo, seu universo. Algo novo surge da essência: a aptidão ao nada. Nasci da vida e da morte. O importante não é saber se a vida existe ou não, o que me importa é me sentir viva.