Blog da Liz de Sá Cavalcante

Sentir para não falar

Se sinto, posso me calar. Mas o que calo fala ainda mais. Amor e fala se misturam. O que cala é o ser ou a voz do ser? A lembrança é o silêncio que abraço, amo: silêncio de amor. O é e o será, ambos têm que se dividir com o tempo, com a vida. O corpo é a alegria da alma. A alma sente falta de um corpo, mas é feliz de me ver com um corpo. Sentir para não falar é falta do meu corpo, não do meu ser. Saindo do meu olhar para a vida, descubro meu corpo noutro corpo. É fácil me esquecer mesmo sem esquecer o meu corpo. O corpo não necessita de alma, necessita de mim. Sou a perfeição da minha alma. O ser não é o mesmo que o sujeito. A morte não me destrói, não desperdiço a morte com a vida. Vida, o que há em ti da morte? Estou a sonhar comigo. A distância é um sonho que encontrou seu destino nas mãos de Deus, que escreve a vida, não poesias.