Convivo melhor com o nada do que com o amor. Mas o nada não me distancia da realidade da vida. O amor fica, permanece no nada do amor. Há tantas vidas perdidas na permanência, longe do nada, de nós. Sinto nada por mim, por isso me amo, como se meu amor me pertencesse ao nada, ao invés de viver. A alma do sentimento inexistente é morrer. O sentir, mesmo inexistente, tem alma, que dura mais do que a vida. A vida não era para ser eterna, sendo eterna, não tem essência. A essência é o fim, esperança eterna sem permanência. A esperança é a impermanência da vida no ser. A alma sufoca a esperança na essência de ser. A vida tem uma esperança que não desce pela alma, desliza só, sem alma. Quando o amor resseca a natureza da vida, não há mais amor. O que é a vida na vida, senão a perda do instante do amor? A permanência é a demonstração do nada, sem a vida demonstrar o nada, é a mesma coisa que ser o nada. A permanência é um nada mais forte, decidido a enfrentar a vida. Por que a permanência não pode ser amor? Não pode ser amor, pois a permanência é onde o amor permanece. A permanência é permanência, até onde eu possa sentir a permanência. Permanência, um dia, foi amor, agora é solidão. Dou permanência à vida, onde agora tudo é amor.