Blog da Liz de Sá Cavalcante

Recolhimento

Na morte, a presença da morte é a vida. A morte se divide no amor, na essência, no sofrer. A sombra dos mortos, sem a morte na minha ausência, é esperança que a morte seja longa no esquecer. Morrer é lembrar. Morrer é ter esperança. Já conheço minha morte, nada renunciei ao morrer. Sentir é morrer. A imensidão da morte se perde no azul do céu. A morte tornou-se plena, como se fosse feita de céu. O silêncio é viver interagindo com os sons da natureza. Sou livre como se eu pudesse falar de mim: de amor! Nada é mais livre do que escutar o nada. O que me afasta da morte é o meu recolhimento, é o tempo de uma poesia. O recolhimento me aproxima dos meus sonhos. Vida, não quero ser sua morte, que não será seu único adeus. Não há nada além da morte, o tempo é contar as estrelas, como se não houvesse sonhar nas estrelas. As estrelas não pensam no fim, nem em si mesmas, apenas brilham, essa é toda existência possível.