Blog da Liz de Sá Cavalcante

Ressonância do silêncio

Não sinto nem vejo, por dentro do silêncio, minha ausência. Sinto pelo silêncio a descoberta da vida, de mim. As palavras negam a vida, o silêncio não pode negá-la nem em sonhos. A palavra é vulnerável ao silêncio, ao saber. Lembro do silêncio na alma. Nada é silêncio, tudo se perdeu nas palavras, menos a poesia. Tudo que é leve é de um amor tão profundo que não precisa da vida para acontecer. Nunca falaria com amor estando sem amor. Surpreendo-me por amar. A superfície do meu olhar é o nada, numa profundidade que faz a vida ver e ser vista. A vida é o acalento da alma. A vida não precisa de um fim: seu único fim é o ser. Não procure o fim no amor. Pela fala, esqueço a alma e esqueço de mim. Não se pode negar o que não existe apenas dentro de mim. Eu era o mundo, fizeste de mim apenas um ser!