O milagre do abismo é que nele não existe amor, tristeza, o ser é apenas ele mesmo. Assim, reconheço meu ser puro, sem artifícios ou necessidades. Quero apenas penetrar o impenetrável. O tempo é a única ausência que não posso viver. Se não podemos falar de nós duas juntas, vamos falar do impossível: do amanhecer que não amanhece, do fim do amor em minhas poesias. O fim do repouso é a vida, o ser, o amanhecer que não amanhece. Tudo que está no amanhecer amanhece, apenas o amanhecer não amanhece. O sol não se reconhece amanhecer. O amanhecer é a pureza de Deus para que os pássaros cantem e, protegendo o céu, sejam anjos com as asas de Deus. Se nascesse do meu corpo uma morte sem Deus, morreria como sendo meu corpo a viver por Deus. Deus é a incompletude da minha alma, a temer meu corpo.