Blog da Liz de Sá Cavalcante

Os muitos agoras de um único momento

Os muitos agoras de um único momento é perder esse agora, como quem conquista a vida, sem o agora, que é inseparável dos muitos agoras, sem o agora que é mais essencial que a vida, do que morrer. De um único instante, longe dos momentos surgiu a poesia de todos nós: o amor. O amor é a ausência absoluta. O instante é a realidade que falta neste agora. O instante não precisa de realidade, do agora, para ser apenas o tempo que se foi, numa aceitação de adeus, de sobrevivência. A vida é a morte de sobreviver, ficar perdida no ar, tendo apenas o ar que respiro. O que sustenta o ar é a minha ilusão, num desabar de flores, que fortalece a alma. Os momentos são flores que nunca nascem, por isso, são perfeitas. Descobrir a flor que existe em mim é negar esse jardim que se chama vida. A vida não se compara à flor que existe em mim: despedaça o amor, me deixa inteira para morrer, para cultivar a flor de dentro de mim, que arranca o meu coração da flor, em flor.