Envolvendo-me, envolvo a vida, abraçando o nada: esse é o movimento da alma. A dificuldade de respirar é a alma. A ausência é o fim da alma, num respirar, é a alma. A ausência é o fim da alma, num respirar tão eterno que parece ser um sentimento. O amor não acaba com o desamor. O amor é qualquer coisa que eu consiga lembrar que faça sentido para mim. O mar faz sentido para o sol, onde perde o escutar. O fim espera pelo amanhecer para viver. Eu sou o próprio amanhecer, por isso nada espero. Minha única ilusão é viver. Algo incapaz de ser, de morrer, de viver, jamais será alma: é apenas uma tristeza, sem nada ser. Por que não posso ter a tristeza de morrer? Talvez nem a tristeza me queira. Algo na alegria diz sim para mim, pode ser apenas o vestígio do nada, a deslizar no vento, como uma lágrima caída do céu a se fazer sorrir para mim.