O que é livre morre pela liberdade. A vida é apenas aparência. Se eu tomar essa aparência para mim, ela não existe mais. O possível não é a aparência, não é a vida, é o que escolho sem a vida, para retornar a mim, sem retomar quem sou, pois seria morrer. A liberdade de lembrar me aprisiona, como um rio que encontra o mar. O mar tem lembranças, distante da vida, perto de mim. A liberdade se faz mar. Quero um sonho apenas meu, para não me dividir comigo. Divido-me com o ninguém em mim. A única coisa que a vida pode perder é o amor. Eu posso perder mais do que o amor, posso perder a mim. O tempo pode demorar a chegar, o amor não pode partir jamais. Perder é o infinito do meu ser sem o meu ser. As sobras da ausência são sem ausência. O ser para Deus é um suspiro, por isso Deus quer suspirar, eternamente, por isso, voluntariamente, Deus ficou mudo. Para sempre. Assim, a palavra é única vida para Deus é o que une Deus e o ser. Deus volta a falar, apenas no amor do ser.
